Nasci inquieta e desejante, autónoma para aprender e desaprender. Curiosa aventureira, comunicadora convicta.
Criadora entusiasta de pensamentos, ideias e projectos. Arquitecta. Devota obstinada da beleza e do humor imprevisiveis.





15.9.15


Vinte e sete histórias que guardas dentro da bagagem que trazes pela mäo com um passaporte insular. Tantas vezes te pesou essa bagagem, tantas a carregaste sem dar por ela. 
Levas lá dentro um livro de histórias que näo me canso de ouvir. Como aquela em que juntas crescemos decifrando o mistério do dizer-que-näo a alguém. Ou as que nos trocaram o passo, nos apertaram o estômago, nos rasaram os olhos de lágrimas ou nos fizeram rir até de manhä. Pelo caminho interrompi-te para contar sonhos que tive e que tenho. Histórias minhas e outras de que tinha ouvido falar. 

Tive que sair apressada, antes de ouvir o final da história, mas vim pelo caminho a pensar que o teu coraçäo banhado a manteiga de ouro, é dos mais preciosos que já se criaram. Dos mais lindos que já por aquI passaram. Dos que mais quero ter perto do meu.

Em verdade te digo que, de joelhos, junto todos os dias as mäos para que nenhuma brisa deste mundo me leve estas histórias da memória. Nem a ti, de perto de mim.
Hoje, aos nove dias do meu ano novo, deixo-te nove beijinhos, um por cada ilha do teu arquipélago, saudades maiores que o oceano que abraca a tua ilha e abraços mais apertados que o punho cerrado de quem se deslumbra pelo verde que – apesar de longe-  ainda se reconhece no teu olhar. 

Parabéns C, por mais um ano de histórias que fazem de ti, uma das melhores de todas as ilhas do meu arquipélago. 

18.8.15

"Lujos" ou "carta de Sra. Uriach a J. A. Coderch"

"Desearíamos que la casa fuese lo más parecida a nosotros mismos, o mejor a lo que nosotros tratamos de ser (…) Es decir: sobria, austera. Práctica. Absolutamente antiespectacular y la negación de la ostentación y el lujo. Una casa que se pueda ver con admiración sonriente pero sin despertar envidia (…)
La decoración: me horroriza. Soy feliz pudiéndolo decir.

¡Cuánto deseo que mi casa pueda no tener ‘cortinitas’, ni visillos, ni tapetes, ni retratos! Deseo ardientemente que cuando la casa se termine, no tenga problema de ‘decorarla’ (…) La cocina ha de ser perfecta. Justa de todo, de proporciones. Inteligente. (…)
Desearía que la casa fuera también como íntima, es decir, que la vida en ella no fuese una exposición exterior. En realidad, si el terreno nos ha escogido a nosotros, si no posee ninguna belleza especial, para mí tiene el encanto de no ser más que una posibilidad de levantar en él una casa. (…)


Le ruego se acuerde de que no deseamos decoración. Así, los dormitorios pueden parecer celdas; en ellos sólo ha de haber lo mínimo indispensable. (…) Blanca, me horrorizan los colores bonitos.




Blanca la casa toda.

Ningún color: blancas también las paredes"



17.8.15

5.8.15




[Das coisas bonitas que nos escrevem]
Yves Klein, Saut dans le vide
 

 "(...) En este momento denso de discusión y encuentro en el estudio J. termina su estágio.
 Su papel en este proceso de aprendizaje continuo de todos en el atelier ha sido clave, como ya intuíamos desde su intenso y preciso trabajo académico, por las primeras conversaciones en el estudio… Su aportación, recordando a Pessoa que decía que el portugués posee una visión ultramarina de 180º, ha permitido un punto sofisticado en los proyectos, esa sutileza que hacen elegantes a la vez que inquietantes un pequeño quiebro o una ligera curvatura. Su capacidad de trabajo nos ha contagiado a todos y la ilusión y franqueza con la que encara los temas le hace, de hecho y derecho, un miembro esencial del grupo. No sólo podemos decir que ha aprovechado este tiempo para formarse intensamente, hemos de reconocer que todos hemos aprendido también de su excelentes actitud y rigor. También pensamos que su adaptación e integración en el equipo ha trascendido lo meramente profesional y se lleva un trocito de todos, como ella se deja aquí parte de sí. En un estudio donde convivimos arquitectos de diferentes edades y trayectorias, J. (por méritos propios) ha sido un colega más. 
Pensamos que está preparada de sobras para esta nueva aventura de caminar con tus propios pies. 
Ahora nos resta convivir con su vacío…"

3.8.15



                 to build a home (patrick watson, cinematic orchestra e muitos suspiros)

28.7.15


É o norte e vem de lá. Nasceu num dia quente, numa casa de pedra e hoje já tem o cabelo da cor daquele granito. Curtinho desde quase sempre. Nunca o pintará. Tem os olhos da minha avó. Castanhos, cor da terra. Um nariz como o meu. De família. Viu o mar já de crescida, mas ainda é pequena. Veste generosidade em tamanho XL. Tem dentes de leite e um coraçäo que bate também do lado direito do peito. O maior que a humanidade já conheceu. Não sabia mergulhar mas aprendeu a nadar. Carrega nos ombros uma vida cheia. Histórias leves, outras pesadas. Dias bons, tantos maus. Uma penosa cruz e um sorriso sempre rasgado. Inconformada, arrisca. É quem planta exotismo no quintal lá de casa. Nunca fecha uma porta. De mão aberta, tem-na sempre estendida. Dá os abraços mais apertados. Tem um colo onde deixa que todos se aninhem. Nunca se cansa. Nem nunca se extinguirá. Ralha, reclama. Zanga-se e deszanga-se no mesmo instante. É, desde que nasci, o meu bilhete de lotaria premiado. A minha sorte de todos os dias. E a de outros tantos. Sei de mães que a adoptaram como filha. Ela adoptou mães como se fossem filhas. Nela cabem todas as mães do mundo.
Diz-me que sou a sua melhor amiga. Digo-lhe que metade dela é tudo o que quero ser na  minha vida. 
Hoje é dia de lhe fazer a festa.
Hoje, a melhor de todas as mães está de parabéns!

 "Bendita seja a Mãe que te gerou.
Bendito o leite que te fez crescer
Bendito o berço aonde te embalou
A tua ama, pra te adormecer!

Bendita essa canção que acalentou
Da tua vida o doce alvorecer ...
Bendita seja a Lua, que inundou
De luz, a Terra, só para te ver ...

Benditos sejam todos que te amarem,
As que em volta de ti ajoelharem
Numa grande paixão fervente e louca!

E se mais que eu, um dia, te quiser
Alguém, bendita seja essa Mulher,
Bendito seja o beijo dessa boca!"

(De joelhos. Florbela Espanca)

24.7.15


" A última das tecedeiras

Olhar expressivo, sorriso cativante, mãos calosas e hábeis e de avental à cinta, é assim a Dona Elvira, uma senhora de 74 anos, que interpreta o tear como Fernando Pessoa "o comboio de corda".

Dona Elvira nasceu em Riodades, concelho de São João da Pesqueira. Ainda catraia aprende as lides do campo com os pais, que se tornaram caseiros numa quinta em Castaínco. Desde aí nunca mais perde a ligação ao campo, aos animais e ao linho que, naquela aldeia, contribuía para o sustento de muitos. A par do campo e da paixão ao linho, esta tecedeira de alma cheia teve quatro filhos e é com orgulho que nos fala deles e da herança apaixonada à linhaça e ao produto final que conseguiu incutir a uma das filhas.
Para conversarmos com ela, temos de a avisar, pois é uma formiga do trabalho. Os terrenos e os animais ocupam-lhe grande parte dos dias... mas em casa fica o seu passatempo preferido... o tear.
É a última das tecedeiras, numa terra que, como poucas, homenageou com a pedra que a caracteriza, o trabalho único e ímpar das mulheres que sabiam enfiar o tear, construir a teia e tecer o farrapo, os tapetes e o linho...
Na casinha de pedra, em Castaínço, onde tem os dois teares, a Dona Elvira ganha vida e uma luz no olhar. Desembaraça-se com mestria entre as traves e explica com facilidade a complexidade de fios de algodão enlaçados e entrelaçados com paciência e sabedoria, uma verdadeira teia. Do tapete ao farrapo ao tapete de lã, a Dona Elvira explica como se fazem os feitios, as estratégias que arranja quando se engana, as marcas que utiliza para começar ou acabar um desenho mais elaborado e o manejar das traves é acompanhado com os pedais...
Conversar com esta senhora é um reaprender a vida... impressiona a capacidade que tem de aprender, a vontade de fazer, de refazer, de perguntar, de conhecer... Admirou-nos a enorme simplicidade com que, depois de comprar um pano de linho, a Dona Elvira tentou compreender as voltas e envoltas dos nós, que marcou com linhas vermelhas. Mostrou-nos a linhaça e contou-nos, com paciência, todas as etapas porque passa o linho que vai semear em breve. Fala-nos da flor do linho como de um filho se tratasse e os novelos espalhados pela casa denunciam a paixão que esta senhora tem pela arte do linho e do tear.
Desvalorizou as peças que nos mostrou, embora elas sejam a prova da beleza e da rusticidade de um material de que a industrialização tem sabido tirar partido, embora com muito menos qualidade de que aquele semeado, tratado e tecido fio por fio pela Dona Elvira... A cor, a textura e o tratamento dessas peças são incalculáveis, como a sabedoria e alegria desta senhora."

Tropeçar acidentalmente nisto.
Ler, sorrir e lembrar-me do quanto gosto dela. E das vezes que, naqueles plácidos veröes que já näo se fabricaräo nunca mais e com um mundo de paciência, acedia a ensinar-nos como tecer. E do linho, daquele linho cru que nascia das suas mäos.
Ver o meu dia encher-se repentinamente de ternura e lembrar-me do peso das saudades que tenho.
Perceber agora, daqui de täo longe, que o tempo está gentilmente a fazer-me mais parecida com ela.
Ficar muito orgulhosa disso.
E dela.
Da minha avó.

8.1.15




Nove horas. Para variar tenho o vidro do carro cheio de gelo. Faz frio mas está sol. Perdão, os vidros. Sou do sul e nunca me habituarei a estas rotinas.Vou chegar atrasada. Porra! Vou buscar àgua. Espero. Acabo por vencer o gelo.
Arranco. Tarde demais estaciono. Eis que levanto o olhar e derreto perante a paisagem. 

Sincelo!

Abre parêntesis - permitam-me fazer aqui um parêntesis- sincelo não são só pedaços de gelo suspensos nos beirais dos telhados ou nas árvore.  Não é só aquele rótulo que põem na terra dos meus avós: "a terra do sincelo...". O Sincelo é uma figura mítica de todo o meu crescimento. A par das figuras da Disney, desses colossos do imaginário infantil, com quem raramente tive o prazer de conviver. Sempre soube que existiam, que toda a gente que os via os venerava. Sabiam-nos de cor. Eu mesma, sem nunca ter com eles privado, arriscava-me a contar das suas histórias. Caudas de sereia em leões, monstros que beijavam princesas adormecidas ou pinóquios em tapetes voadores. Tudo trocado, é certo. Mas eu sabia deles e o fascínio era óbvio. Contudo nunca me havia permitido a conhecer a sua história de fio a pavio. As brincadeiras na rua chamavam-me sempre mais alto.
- Oh Joana, e o sincelo!?
- Pois, o sincelo!
Cresci a ouvir a minha mãe contar-me, com os olhos brilhantes e o pensamento perdido lá longe, histórias de cada vez que havia sincelo na aldeia.
- É raro, mas lá em cima, às vezes via-se. É lindo, Joana. As plantas ficam cobertas de gelo...
- Ah já sei! Já vi a relva muitas vezes assim.
- Não. Quando faz muito frio e há muito nevoeiro, cada flor, cada galho da árvore, do maior ao mais pequenino, até cada fio da teia da aranha ficam em gelo. É como se de repente, tudo se transformasse num grande coral branco e gelado.
O sincelo sempre povoou o meu imaginário. Tantos anos depois, que era isso que, só de se pensar nele, acendia aquele olhar maravilhado da minha mãe? Eu sabia dele. Ouvia histórias que me encantavam. Mas nunca o tinha visto. Fecha parêntesis.

Saí do carro. E com o mesmo encantamento com que as crianças vêm as figuras da Disney, com o brilho nos olhos e o pensamento perdido lá longe com que a minha mãe me falava dele, sorri. Fui ver de perto. Garantir que não era igual a nada que tivesse visto. Sorri outra vez. A minha mãe tinha razão. É mesmo lindo! Pergunto-me incrédula "Como é possível ainda não ter derretido, tão a sul, com tanto sol, já tão tarde...?"
Já são nove e meia. Estou atrasada.

(Subo. Escrevo isto antes de mais nada. Olho pela janela o nevoeiro que acabou de cair. De imediato cruzo os dedos, na esperança que o sincelo se regresse, e que os sorrisos de hoje se repitam outra vez amanhã.) 

28.11.14






























O Alentejo.
O que nasce além e se esgota no Tejo.
Aqui se fez homem, Portugal.
O Alentejo é temperamento de guerreiro.
É conseguir ver ao longe. Ao longe, porque longe é o sítio onde não se chega sem parar de andar.
É fazer caminho caminhando.
É resistência física. Calor. Coragem e temperamento.
Escassez.
É trabalho. É suor da lavoura.
Planície sem fim.
Ser alentejano é ser devedor à terra, mesmo quando a terra está devendo.
Paciência de monge.
É cantar. É sentar à mesa.
É o vinho. O queijo. A terra sagrada do pão. Saído do forno ou do dia anterior.
Ser alentejano é ter tempo. Vagar.
É que não se nasce alentejano, é-se alentejano. Sem pressa.

E o cante que nasceu no Alentejo foi cantar ao mundo que é alentejano.

12.11.14



"Je ne sais pas ce qui se passe,
mais je ne me fais pas confiance
quand je commence à  beaucoup aimer une fille.
Ça me rend nerveux.
Je ne dis pas ce qu’il faut
ou alors peut-être que je commence
à examiner,
évaluer,
calculer
ce que je suis en train de dire.
Si je dis : « Tu crois qu’il va pleuvoir ? »
et qu’elle me dit : « Je ne sais pas »,
je me mets à gamberger : est-ce qu’elle
s’intéresse vraiment à moi ?
Autrement dit
ça me fiche un peu la trouille.
Un de mes amis m’a dit une fois :
« C’est vingt fois mieux de faire copain-copain
avec quelqu’un
plutôt que d’en tomber amoureux. »
Il a raison, à mon avis, et à côté de ça
il pleut quelque part, ça fabrique des fleurs
et ça rend les escargots heureux.
Tout ça, c’est déjà réglé.
MAIS
Si une fille m’aime bien
et commence à ne plus être du tout dans son assiette
et se met à me poser de drôles de questions
et prend son air triste si je lui réponds mal
et me dit des trucs du style :
« Tu crois qu’il va pleuvoir ? »
et je dis : « Je n’en sais rien »
et elle dit : « Oh »,
et prend son petit air triste pour regarder
le ciel bleu clair de Californie
je pense : Dieu merci, c’est toi, ma chérie,
cette fois-ci c’est ton tour."
Richard Brautigan, Il pleut en amour

8.11.14


A fábrica moderna não é isso: 
é um sítio solitário,
um sítio de abandonada racionalidade.

Mas também por isso, é ainda, finalmente um lugar erótico .

5.11.14





                                                                                            (centrar aqui)
                                                                                                oh Wes!




4.11.14



(Quatro minutos.)
Vinte e muitos anos de amor em quatro minutos. Lentidão nas palavras, presas entre o nó e a garganta.
São muitos anos de amor em tão pouco tempo sumidos. Em tão poucos minutos resumidos.

Há alguém, de quem gosto. Com quem me preocupo. Que pouco se importa com o mundo. Com a vida, com os outros. Com ele ou com a falta que faz a quem dele gosta. E se eu gosto.
Vive transparente. Ausente. Flutua entre o nevoeiro de um dia e outro. Num icebergue antárctico extingue-se todos os dias. 
Sabe disso, mas não se importa. 
Não quer saber.

(Dois minutos.)
Mas eu, que gosto dele como a primavera gosta do jasmim, estendo na direcção do seu imóvel eu, transparente e lasso, os meus braços carregados de carinho. Vinte e muitos anos de amor, num abraço apertado. 
Tão apertado que queima. Como o primeiro sol da primavera no jardim, depois de almoço nos dias de verão.  (Desconfio que já não se lembrará deles assim. No jardim, pés na relva, cheiro a limão. Cabeça a escaldar.)

Por enquanto, na mesma estrada que é a nossa casa, ainda andamos desencontrados. Vejo-o passar de bicicleta, rua acima. Sem capacete. Ele de cabeça na lua, eu de pés no chão.
Que seja, um dia, o meu abraço, o desafio para que pinte a vida em tons de amarelo limão. 

Um dia.

Até lá, o meu abraço será dele, todos os dias. 
Vinte e muitos anos de amor num abraço de todos os dias. Sem troco. Incondicional.  
Num envelope bonito com cheirinho a limão.

Afinal é dele que gosto, mais do que a primavera gosta do jasmim.

3.11.14






"(Não, não se enganaram, trata-se de um apóstrofo.)

Falo consigo, caro espectador. 
E porém, tal como você... Não ignoro o odor insuportavelmente incómodo de quem ousa subir de tom e falar dirigindo-se a todos...  Se ouso é por querer preceder esta história de uma introdução.

A que tenho em mente não é só a mais palavrosa e pedante, que jamais poderia sonhar... É ainda por cima horrivelmente pessoal. 

Bom, a introdução...

Visto ser já claro que não serei o herói desta história, ao menos quero ter o direito de ser o seu narrador. E aliás, isso convém perfeitamente à omnisciência que me caracteriza, apesar das dúvidas que lhe poderão expressar algumas das raparigas que conheço, visto eu...
É claro que esses amores não sabem, mas... Sei estar em todo o lado ao mesmo tempo. Por exemplo aqui, no centro da França, uma região que, nos mapas, parece uma batata.

Há um ano o meu irmão Paul, que viram há pouco na minha cama, decidiu deixar a cidade e vir instalar-se aqui. Não sozinho mas com a Anna e o Loup, que é filho dela.
Para justificar a partida assegurou-me sem convicção que a vida seria mais fácil lá, no campo, do que aqui, em Paris. Depois, sem se rir, afirmou precisar de uma certa distância entre ele e nós.
Nunca revelei essa confissão dita a contra-gosto. 
Mas devia. Devia tê-la aproveitado.

Nunca o devia ter deixado ir sem antes desatar num pranto. (Tivesse eu jeito para essas coisas e nada do que se segue teria acontecido.)

Bom, e agora calo-me; prometi uma introdução, não uma visita guiada.
Volto a ser personagem que não o conhece a si, nem sabe nada da história. (Tenho direito a esse ínfimo privilégio?)

Só uma última pergunta antes de o deixar, à sua vivência de espectador, podendo ser superior a tudo o que já vivi.


Será possível, verdadeiramente, 
que uma história de amor nos faça atirar de uma ponte? "



Oh Joana, Dans ma vie
Christophe Honoré, Dans Paris

29.10.14




Nascemos.
De sangue na guelra. Prontos a enfrentar o mundo. Bravura em punho, gritando fragilidade.
Ironia a nossa, de fugir do conforto. Assim somos nós.
Vivemos.
Arrefece o sangue com que se tentam esconder medos. Anseios. 
Perdeu-se a bravura da chegada, algures num dia mais cinzento. E busca-se, com urgência, o conforto. 
Outra vez. 
Até um dia.
Até ao dia, em que o instinto bebe a coragem com que enfrentámos o começo. O segundo em que começámos a aventura da vida.

E nascemos. 
Quase nunca para nós. Quase sempre para os outros.
E mantém-se o princípio até à alvorada. 
Nascer. Nascer. Renascer. 
Sempre com a bravura de quem chegou para cá ficar

(18.10.13)

9.10.14



(Fortified Places. Cádiz e a ternura da primeira publicação em livro.)

10.9.14


Lisboa,
que luz é a tua?
De que cor é o teu sorriso?
O teu sol só pode ser de outro universo.
Do universo dos sóis que lavam e enchem a alma.
E se acaso um estranho te disser que o teu sorriso é bonito,
o sol (também) sorri.
E brilha mais.

(Juro que brilha!)